segunda-feira, 29 de novembro de 2010
INFORTÚNIO
Foi mesmo uma pena
uma dó muito grande
ele ter visto a cena:
um caracol gigante
Saciado e fagueiro
no galho da roseira
e o pobre, por inteiro
despido da espinheira
Como salvaria a rosa?
Sem ferir nem picar
todo o galante prosa
a despojaria num piscar
Seria o maior infortúnio
se a lua nascesse, clara
e bela em seu plenilúnio
sem ter a rosa pra seara
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
ALMA DE QUIMERA
Há nessa luz que me invade
Uma profusão de claridade
Aguça- me a inspiração
Despeço-me da transpiração
Nessa leveza incomum, flutuo
Convido alguém para um duo
Seja para falar dos amores
Ou até da beleza das flores
Chego com ares de primavera
colorida até a alma de quimera
Negaceio com o frio insistente
Floreio as horas, displicente
Há nesse poema que transcende
Um perfume forte que rescende
A amizade de grande porte
Faço-me estrelinha da sorte!
Diná Fernandes e Anorkinda
.
O serenar da noite
O úmido sentido
s equestra palavras
e nquanto é possível
r eina um desconforto
e stremecido e incontido
n oite de emoções escravas
a meaça o coração sensível
r eina o soberano medo, absorto
d egusto o sereno
a roçar os lábios
n ão suporto o vazio
o rnamento do Nada
i nvoco o poder dos sábios
t estemunho um sibilar macio
e sgueira-se a salvação em luar de prata!
.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Eu, espelho
Espelho em meu reflexo
os cortes do caminho
espinhentas trilhas
ferimentos daninhos
Espelho em meu sexo
as fêmeas intenções
humores excêntricos
fissuras e incisões
Espelho em minha viagem
os vermelhos-sangue
líquidos desagues
vertentes exangues
Espelho em minha imagem
as mágoas do percurso
ardilosas veredas
rios fora dos cursos
No fundo, me espelho em mim...
.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
DESCUIDADA
Ela caminhava pelas ruas da vida
caminhos e tropeços, pedras...
Ela descuidava, desatenta e bonita
pelos salões, bailes e festas...
Ela seduzia pelos olhares e trejeitos
detalhes e delicadezas, femininas...
Ela conduzia, os dias sem medos
pelas curvas da sorte, ela foi
atropelada pela felicidade!
.
Às vezes devaneio
Às vezes avisto
um piscar
uma luz intermitente
é a sorte a sorrir
em céu azul-escuro
Às vezes insisto
por prazer
por satisfazer o impulso
de devanear e sorrir
em noite de delírio puro
Às vezes dá nisto
de sonhar
de profetizar o improvável
dos homens sem sorrisos
nem coragem de descer do muro
Às vezes é preciso
um piscar
uma luz insistente
para arrancar sorrisos
da boca sisuda do obscuro
Grandeza
Na grandeza do gesto
posso acenar com gosto
posso beijar teu rosto
posso aceitar o almoço
oferecido com afeto
Na grandeza da virtude
posso ajudar a todos
posso ter bons modos
posso apagar engodos
riscados no concreto
Na grandeza do amor
posso te tocar o peito
posso chegar com jeito
posso eliminar o poço
fundo dos defeitos
E aconchegar-te à vida
.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
O CHEIRO DA VERDADE
Meu corpo não tem o perfume dos frascos
Mas traz o ardor da natureza
Minha voz não tem a delicadeza dos pássaros
Mas soa no fragor humano
Minha verdade não tem a fragrância mais deliciosa
Às vezes ela cheira mal
Meu discurso não tem o sonido doce das flautas
Às vezes ele urra num bramido
Nem sempre é possível disfarçar o natural
com as ilusões do superficial
Nem sempre é preferível esconder-se do medo
com subterfúgios e arremedos
Mas sempre a coragem pode aprimorar a dor
e convertê-la num ato de amor!
.
O TEMPO DO SIM
Porque chegaste tempo...sempre misterioso, efêmero, passageiro. Enigma.
Chegaste tempo do sim...sempre dadivoso, abundante, hospedeiro. Benigno.
Porque chegaste, sim...chegaste com o vento da mudança, com o sol da
temperança. Digno.
Chegaste, sim chegaste...com a mão estendida, com a vida refeita. Paradigma.
Porque chegaste pra querer o mais belo...pra vigorar como o broto singelo daquela flor do amor... Estigma
.
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