sábado, 14 de janeiro de 2012



A casa do tempo

O tempo entrou ali, pelas ventanas, pelas frestas da madeira. O tempo espreguiçou-se no balanço da cadeira. Sem cores, porque ama o cinzento dia eterno, o tempo esgueirou-se em silêncio pelos poros da poeira.
Fez do céu, um desfile de nuvens carregadas de elétrons e histórias testemunhas. Quem pode ler no cinza flutuante os enredos humanos e desumanos antes que se dissipem pelo ar?
O tempo parou ali, porque precisa de um remanso, da rede de descanso. O tempo brinca de esconder os dias debaixo dos tapetes e por entre as velhas telhas carcomidas. Dos amores, ele zomba sendo conhecedor dos desencontros atrapalhados das quimeras.
Desfez as folhas da primavera para que nenhuma prova restasse das horas ensolaradas. Quem lembra do cicio das árvores quando os meses evaporam o inverno de seus gases?
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