segunda-feira, 30 de agosto de 2010


Seu Gerúndio

Venho defender este nobre brasileiro:
Seu Gerúndio, representante vivo da gramática.
Ofereceu-se, este pacato senhor, a prestar ajuda
ao povo novo, privado de uma boa aula de Língua Portuguesa,
desconhecedor dos Verbos e seus tempos.

Seu Gerúndio,em franca ingenuidade,
ofereceu uma mãozinha... Mas qual!
A gentalha abusada tomou-lhe logo o braço todo!

E por isso, hoje, os eruditos o desprezam.
Pobre Gerúndio generosidade...
Declarado como reles, vil, alvo de escárnio.

Cuidado, leitor:
Pois você pode estar sendo preconceituoso.
Você pode estar cometendo uma maldade.

Eu não menosprezaria um amigo
disposto a socorrer-me
no verbo em aflição!

...
Teimosia

O teu perfume, perfuma-me ainda
a alma conectada a tua

O teu sabor, saboreio ainda
em delírio, noite de lua

O teu toque, toca-me ainda
a pele arrepiada e nua

O teu lábio, beijo ainda
em teimosia de ser tua

...

NOSSA POESIA

.
Debaixo do pano da manga
Escondeu-se um verso
Tímido, em pele de pitanga

Espiava os movimentos
fluidos e inversos
dos puros encantamentos

Esperava o momento exato
de ser parte do universo
no grito forte do parto

Nos dedos da minha e da sua mão
estava ele imerso
até a revelação

Ei-lo que surge, então.

Anorkinda Neide & Amélia de Morais

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sábado, 28 de agosto de 2010


FELICIDADE SE BEBE COM AS MÃOS

Nas mãos que procuram o afago
tateio os sonhos, estímulos

Nas mãos que acariciam filhos
delineio o futuro, geração

Nas mãos que digitam loucas
clareio ideias, solidão

Nas mãos que tocam outras
esteio de amizades, capítulos

Nas mãos que cozinham
ateio o calor do amor

Nas mãos que louvam
semeio o fim da dor

...

Entusiasmo amor

Em ti, a linha da paixão
me suspira

Em nós, à beira da alegria
entusiasmo é ânsia

Em mim, o ponto da paixão
te inspira

Em nós, a fome de amor
entusiasma a poesia

...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010


No dia fora do tempo


E uma grande oração se fez... no dia seguinte iniciaria-se um novo ano galático.
Todo o céu em expectativa.
No pequeno planeta Terra, quem sabia-se filho do Universo, orou.
Em grande estilo a orquestra tocou o coração de um Homem...Alma.
Sem perder o tom daquele momento, absorvi do abraço, do sorriso e da canção,
o aconchego mais puro de quem quer voltar pra casa. Pra seu mundo.
Agradecemos, mútuos de paixão pela vida e pela volta completa de um ciclo.
Fui buscar a bênção da Mãe D'Água, na brisa, o carinho...Na chuva, o beijo...
Plenamente alimentada, caminhei direto a minha Redenção.


...

No início do ano galático


Das coisas que se sucedem, das canções que marcam, da força que sustenta, agradeço plenamente e faço destes dias, bênçãos!
Das cicatrizes que doem ainda, dos enredos que enredam ainda, do amor que ama muito, enriqueço e bendigo a dádiva de experimentá-los!
Do abraço que peço e recebo, do carinho que sinto e derramo, do bem que desejo e expresso, gesto a criação do que quero!
Obrigada a todos os personagens destes meus dias ricos!




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Manoel de Barros

O delírio de seus versos, a 'inutilidade' de sua poesia é tão essencial quanto o cantar dos pássaros e a brisa movimentando o lago.
A paixão pelas palavras e a necessidade de reinventar o mundo concreto e frio é tão especial quanto o abraço do filho e o acorde da canção.
Me põe em êxtase e a flutuar em prazer tal como a nuvem leve e solta em céu azul. Me diz as ânsias de viver num mundo que não é meu e das vontades de perder a razão e viver em intensidade feliz de quem despreocupa-se com os padrões caducos da velha energia.
O desperdício de seus versos me diz dos silêncios que gritam nas madrugadas, alertando da importância do simples e natural.
A feição de tuas palavras traduz o que a alma tanto queria sentir entre as gentes desacostumadas de ouvir suas próprias vozes interiores...a plenitude de Ser!

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sábado, 21 de agosto de 2010


Louca sociedade

Por que aceitar que o social
nos ajuste as medidas
nos desampare, ferino?

Por que cair em infernal
solidão e desmedidas
lágrimas, quando o desatino

não é meu...

é a lógica que ensandeceu!?

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SOLTA

Adorando a vida, recebo dela
Emoções que atormentam, por vezes
Amores que acrescentam em aquarela
Amigos que se provam em revezes

Cantando a vida, a louvo
Em melodias que me tomam
Em harmonias de renovo
Em sintonias que me afinam

Assim, amo a vida
em franca elegia,
profundamente

Em mim, atrevida
loucura sadia,
vivo animadamente!


...

Não mais!


Tinhas o poder de manchar
a tela dos meus prazeres
Tinhas o prazer de profanar
a via das minhas purezas


Querias ser o castigo de elite
a veia que mais dói e inflama
Querias ver o muro do limite
a gota que, por fim, esparrama


Cheguei ao ponto final
da sutura na ferida
Cheguei em desfile triunfal
na outra ponta da vida


Onde não permito a profanação!


...

Canta a lua, lá no alto a comemorar, cúmplice, a minha liberdade!
Lena Ferreira


Canta quase em eco aos cânticos meus
a embalar meus novos sonhos,
lua de todos os amores e desamores

lá, entre estrelas e nuvens
no enleio dos poetas e cantores
alto brilho se faz melodia
a poesia a entoar minha cura
comemorar em sadia aventura

cúmplice e branca testemunha

a ousadia de domar as noites
minha companhia nem sempre alegria
liberdade pra todo o compartilhar

...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Centelhas do Tempo

O futuro ali está
A um minuto de nós
Um passo à frente
Ao alcance das mãos

Aliás, mostra-me as suas
Esquerda, direita ou as duas
Te direi o que te espera
A verdade nua e crua

Por detrás do destino
nas linhas que te marcam
Te digo o que crias:
A realidade e o desatino

O futuro aqui está
no próximo segundo
ele quase não existe
é tão efêmero!

Célia Sena e Anorkinda

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A concha e a onda

Segura, a conchinha sossegou-se
em beira-mar, o sol a lhe esquentar...

Atrevida, a onda achegou-se
em vai-e-vém, a maré a lhe embalar...

Paixão, os opostos se atraem...
a diferença entre elas a encantar

Romance, os fatos se impõem...
a lua também vai testemunhar

Um amor que não vai se acabar!

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O VERSO AMBICIOSO

Não foi assim que ele nasceu
era um menino lindo, em sorrisos
com ares refrescantes de delírios

Mas cresceu apenas um pouco
e já vestiu uma imponente casaca
dessas tal um pinguim fora de casa

Só pensava no ouro das medalhas
e nos aplausos da humilde gentalha

- Deixe disso, Verso, és tão bonito
na naturalidade, tão gentil e prazeroso!
Deixes de ambição vazia e procure a alegria!

Mas nada retirava seu ar de pompa
fez amizade com o Dicionário Rebuscado
conheceu vocábulos chiques e enlouqueceu

Hoje desfila com a cara mais apatetada
deixando o leitor sem entender mais nada

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AS ÁGUAS DO RIO DA VIDA

Mãe das águas, nossa essência
fortalece e anima os filhos teus

Mãe da vida, minha experiência
aquece e prima pela Criação

Rio da vida, prova de paciência
estabelece o ritmo da realização

Rio das águas, divina fluência
merece o cântico dos filhos teus

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DOCES CRIANÇAS

E sonham...sonham muito...
ensaiam a vida nova
que ganharam de presente...

E curtem...curtem juntas...
se deliciam em casa nova
natureza tão verdejante!

E riem...riem muito...
sentem à flor da pele
que se ganharam de presente...

E aprontam...aprontam juntas...
se poetizam na própria pele,
momentos tão emocionantes!

Anorkinda
a Marcia Poesia de Sá

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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

PRÍNCIPE CASMURRO DAS GARUPITAS
.

Dançaram as Garupitas
à luz das velas
ao som das esferas

Sorriam elas
ao Príncipe
Casmurro e solitário

Serviam as Garupitas
ao deleite da nobreza
à distração das esperas

Deixavam elas
relaxado
até o mais autoritário

Somente seu Príncipe
não correspondia
e Casmurro ele seguia

...

No mar, um sonho


No dia do Sol, este dia sem tempo,
busquei o sal do mar, passatempo...


Encontrei uma réstia de sonho,
num ponto de luz muito estranho...


Tinha o aspecto em desvario,
como o rosto do amor doentio...


Era uma ilusão extraviada,
flutuando na onda salgada...


Disse-me que tinha saudades,
momentos puros de veleidades...


Quando ela chorava lágrimas,
salinas como o mar das lástimas...


Pois hoje este pequeno sonho,
infeliz em seu estado medonho...


Apenas vaga nos mares do tempo,
sem esperança nem passatempo...

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A ROSA MORRE EM DORES DE PERFUME
(MILLOR)

A brisa bem que avisou:
Rosa, não perfumes assim o ar,
morre em ti um pouco de teu amar!

Em galhardia, a rainha responde:
Dores me pungem, mas a isso sou afeita...

De acalentar o ar sou feita,
perfume do sacrifício, sou tua colheita!

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Do teórico

Das rochas-teorias
que nos atormentam
bem podíamos
parti-las em fragmentos,
pedras sem tropeços,
rolando em brilhos
de novos recomeços!

...

Do apego

A existência humana
é um bilhete de passagem
as pessoas são passageiras
nesta condução,
Terra de Sonho,
mas criam raízes no temporário!

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terça-feira, 10 de agosto de 2010


Grandiloquente insensatez.


Pasmei a palma da m'ia mão,
ao te encontrar encatrecida
e estendida em solidão,
como uma alma aquecida.


Palmei a pasma sensação,
do te abrigar, estreita via,
em tola via em que tu vinhas,
para o meu parvo coração...


Rasurei a espera na emoção
de te tomar de todo, a vida
num grande gesto de paixão,
calma, segura e decidida.


Esperei a rasura, feita à mão,
tomar a feição perfeita
como minh'alma pouco afeita
aos assomos da imprecisão.


Ânderlo Strwsk e Anorkinda

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DIZ

Diz que é pra mim
a loucura destes versos
desta lua louca lá fora

Diz que é pra mim
a textura destes tons
desta voz rouca de agora

Diz que é assim
que amam os universos
desta era louca e nova

Diz aqui pra mim
que oram os bons
nesta reza rouca e ... me aprova!

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O sonho e a teimosia


O pequeno brilho...carinho...
nem piscou, veio inconsequente
na direção de meu sombrio olhar
sua intenção era me fazer sorrir...


Minha teimosia...pura birra...
nem ligou, meio demente
que é, prima-irmã do azar
fingiu indiferença, voltou a dormir...


O pequeno brilho...carinho...
nem desistiu, veio clemente
na obstinação de me amar
sua razão de ser era me redimir...


Minha teimosia...muito burra...
nem notou, meio carente
de fé, o doce sonho a brilhar,
sutil presença do amor a me perseguir...

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Dos arrepios

Quando lês, leitor
a poesia minha que te assanha
em arrepios e luas

Saiba que, também
outros leitores-poetas
divertem-se às ruas

Quando o romance
na poesia minha te abocanha
em rubores e luas

Saiba, caro leitor
a poetisa em secreta
festa, sacia-se, nua

Quando a emoção
da poesia minha te apanha
em poros e luas

Saiba que, além
dos mundos do poeta
há vida e é crua

...

domingo, 8 de agosto de 2010


CONVICÇÃO POESIA

Tenho cá pra mim
que o verso
quando versa
fala só

Não tenho assim
o significado
único e literal
do que escrevo

Tenho cá em mim
a convicção
de que a poesia
poema só

Não tenho um fim
ou objetivo
puro e pessoal
do que me verte

Tenho certeza
que a poética
quando flui
livre e só

espalha multi-[uni]versos!

...

SEGREDO


Havia ali aquele mistério
daquele tipo que ronda
no nível semi-etéreo


Havia por ali um segredo
daquele jeito que assombra
o espectro do medo


Havia a promessa de degredo
sem volta ou absolvição
num aspecto de arremedo


Havia um ritual de império
sem perspectiva ou ação
onde a escuridão era refrigério

...

MORTE ALÉM MORTE

Crio um sopro divino e espalho pelo ar
a luz de meu corpo transcendental
Portais eu mesma abro de par em par
como ventanas no espaço sideral

Sou alma eterna experimentando a dor
vou relembrar do meu Ser Superior
Respostas me apanham em meditações
comprova-se o fim das punições

Sou única em total mistura
às emanações da natureza
sempre em renovação pura

Crio um falso fim
a esta vida beleza
morte além da morte, enfim

...

A energia que abraça

Quando a água abraça a vida
dos elementos em harmonia
minerais e vegetais e elementais
celebram a perfeita sintonia

Quando a árvore abraça a pedra
morada da vida mais sensível
cores e cheiros e movimentos
manifestam o Reino Invisível

Quando a energia abraça o Homem
união dos elementos em si
dríades e silfos e fadas
dançam o mais lindo ballet que eu já vi!

...

ACENTO


De regra em regra
se organiza a língua
pra ler
pra falar


De acerto em acerto
se dá o tom
da letra
da leitura


é parte da cultura

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010


O NÓ QUE VIROU LÁGRIMA

E a leitura fez isto...
Provocou um nó de emoção
os versos fortes, num misto...

E a lágrima desceu...
Brilhou no rosto, reflexões
o poeta, sorrindo, enterneceu...

O toque da poesia dá nisto:

Recordações...e no olho escureceu!

...

CURA

Banhei-me em verde-cura
e foi grande a bênção...
Acordei-me, vida-pura
experiências em coleção...

Acompanha-me, raio da cura
sempre em completa comunhão...
Premia-me na poesia mais pura
versos, degraus da ascenção...

...

Academia da Luz


Pois, muito se engana o pobre mortal
por ter um lado sobrevivência-racional
pensa ele que isto lhe serve de sinal
para racionalizar até o que é essencial

A mente é prática e cuida do real
protege e calcula a vida normal
ela não tem o poder transcendental
de entender o decreto do divinal

Cada ser humano é altamente especial
nele a eterna luta do que é dual
é, no livre-arbítrio, a principal
experiência de cunho sobrenatural

Pouco se sabe, humano fractal
da sabedoria ampla e universal
que legou a ti a paixão carnal
impulso de vilania e todo o mal

o mesmo impulsionador total
do puro amor incondicional
basta dar ao tempo magistral
o seu sábio veredicto final

e verás do poder celestial
em larga experiência terrenal
a solução do aparente caos atual
sem vencidos ou vencedores, afinal

apenas Luzes do Bem numa formatura universal

...

SENDO LUZ

Respondeste a meu chamado
No primeiro inesquecível contato
Nos entendemos com o passado
e relembramos até mesmo pelo tato

Não fingimos surpresa ou novidade
Estamos cumprindo nosso propósito
de sermos, da luz, a claridade
e sorrimos de todo este insólito

Aprendemos com o tempo
com a falsa distância
com a tola ânsia

Amemos com alento
dos desafios...
dos dias frios...

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010


DESPEDIDA

Despencou das negras nuvens
chuvas ácidas de saudade
Tuas mãos frias condiziam
com o clima de sobriedade

Congelou o tempo das esperas
e ventos fortes predisseram
Tua presença era insana
como os olhos dos que erram

Sorvi a atmosfera lúgubre
e despedi-me de ti
Era preciso...assim sobrevivi

Abri o portal dos sonhos
num transe fecundo
Foi bonito...ganhei o mundo

...

POR PRAZER


Foi pelos teus olhos, sedução...
Troquei uma rotina calma,
de tédio e companhia-solidão.


Foi por tuas mãos, excitação...
Fraquejei em arrepios
de sensorial estímulo-tesão.


Foi pelos teus beijos, provocação...
Suspirei desejos antigos
de fantasia e delírio-paixão.


Foi por tuas carícias, dominação...
Gritei em prazer total
de completo gozo-satisfação.

..

ACHO QUE...

VOLTA E MEIA
VOU PRECISAR
DE UM ABRAÇO TEU!

..

VAI

Como quem nada diz
Siga o rumo teu
Não diga adeus

Vá a procura de ser feliz
Diga o nome meu
ao mar e fique em paz
Não finja ser capaz
de me cativar

....

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


FESTA SEM MOSCAS

E os sapos encantados chegaram
trazendo as línguas mais famintas
Lamberam a inércia, deram movimento
E o fato nos deu tanto contentamento!

Das moscas,nem lembranças!
A festa das letras empolgou...
Versos livres, dançando
Frases soltas, saltitantes!

E um vai e vem constante...
Energia que se esbalda...
Rimas soltas riem bastante!

Moscas no calor se escaldam
Mortas aos versos mais baldam
E a festa prossegue delirante!

Lena Ferreira e Anorkinda

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O Verde, o Azul e o Amarelo

Cobrindo a terra tão marrom de fertilidade,
O Verde vem trazendo à vida, sua docilidade.
Clorofila eficaz em sua missão sem par...
trabalhando firmemente com a energia solar

Abraçando toda a terra, o firmamento...
O Azul de tranquilidade e fundamento
As ondas curtas e azuis se espalhando...
Luzes solares na atmosfera refratando

Energizando o subsolo da terra e dos rios
O Amarelo do ouro, razão de desvarios
Tem o respeito dos habitantes da Natureza

Tem sua função confundida pela sua beleza
Cobiçado Amarelo, minério fundamental
Faz sua parte nesta terra fenomenal

.......

Pão pão queijo queijo

Quis te explicar
que uma coisa
é uma coisa
e outra coisa...
bem...
pode ser muitas coisas!

Quis te dizer
que pão é pão
e queijo
bem...
queijo pode ter muitos nomes!

Quis te trazer
muitas possibilidades
de ser muitas
coisas
e na vida
ter muitos sabores

Mas do queijo
só conheces
um nome
e na vida
só aceitas
uma coisa:

sempre a mesma coisa!

...