sábado, 30 de maio de 2009

(A JORNADA - Josephine Wall)


Eu e meu amado Pégaso

Trotando pelas veredas universais do verso
Nos encontramos em muitas esferas
Você, doce ser alado do Reino dos Devaneios
Eu, sonhadora criança, saciada de esperas

Galopando em debandada ao real destino
Nos enlaçamos em suaves quimeras
Tu e eu artistas da mesma peça
Eu e tu, amantes de muitas eras

Decreto selado nosso amor
Contrato de delicioso sabor
Reintegrado aqui e agora a nosso favor!


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Faces espelhadas


São meus sentidos que me enganam
Parece que percebo alguém que sou eu

Mas meu reflexo espelhado diz
que a verdade transparece pelos poros

Em minha face não me vejo
pois o que levo dentro não transmito

De mim mesma me omito
meus sentidos me enganam
minha visão é embaçada, miopia sem fim

Meu tato nem chega perto de sentir
aquilo que verdadeiramente eu sou
pois não estou terminada

Sou obra inacabada de mim mesma
e nem mil espelhos reproduziriam
a luz fragmentada que rebate em mim

e engana cada um dos meus sentidos

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Alegria Alegria

Todas as cores celebraram
Alegria alegria
Sorria o dia em festa de vida

Todas as gentes cantaram
Alegria alegria
Folia em dia de nova primavera

Todas as bênçãos caíram
Alegria da alegria
Chovia o dia da paz mais colorida

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Meu deserto pessoal

Neste processo caminhada na areia
Vislumbro ancestrais vivências
Pressinto o poder do vento
A força de todas as montanhas

No meu retrocesso aparente
Recebo a visita da águia
Reflito na luz da branca lua
Cheiro de terra e de tribo

Com os passos em areia quente
Imagino o frescor da floresta
Acompanha-me o cervo protetor
E a fímbria pungente de meu amor

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A estrela cadente de minha inspiração
.
Zuniu um brilho
no céu noturno
Límpido de sons
A luz cantou
.
Estrela cadente
passou cantando
Mantra estelar
A morte entoou
.
Rastro antigo
Em céu soturno
Lívido de dores
A estrela apagou
.
Anos-luz depois
A vemos cantar
Luz derradeira
A música iluminou
.
Poesia de estrelas
Morte e vida e brilho
Lânguida de céus
A inspiração chegou

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quinta-feira, 28 de maio de 2009


TESTEMUNHAS



De muitos tempos
elas guardam segredos

De muitos mistérios
elas testemunham silêncios

De muitas esferas
elas pressentem presenças

De muitas visitas
elas guardam lembranças

Com muita alegria
elas testemunham a chegada

De um novo tempo
elas observam a alvorada


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Beijos sinceros

Súplicas da pele
Vens tu, e suplicas
com o olhar

Beijos sinceros
Vens tu, e beijas
minha boca

Delícias da pele
Vens tu, e delicias
com o toque

Versos sinceros
Vens tu, e versas
minha pele

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quarta-feira, 27 de maio de 2009


TANTO

Como o pranto
do espantalho

Banco o santo
e encalho

Muito canto
e me espalho

Tento um acalanto
e ainda falho

Te quero tanto
e me atrapalho

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Planeta água

Envolvida nas águas
planetárias
abrangência de vida

Absorvi as essências
purificadas
manifestadas em vidas

Em minhas águas
libertárias
presença sobrevivida

Devolvo a fluência
das palavras
ceifadas ainda vívidas

Redimida às águas
benditas
sou pétala de vida!

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NOSSA CANÇÃO

Nossa canção
é feita com bolhas de sabão
é feita no dar as mãos
é cantada com toda empolgação!

Nossa canção
não rima com não
não tem sinais de depressão
não faz figuração!

Nossa canção
fala da nossa paixão
fala com nosso coração
fala com a língua da sedução!

Nossa canção espanta solidão
diz mais sim do que não
faz do amor uma animação!

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terça-feira, 26 de maio de 2009

SONETO SÓ


Só, prossigo andando até que me queimem os pés!
Somente a luz lá na frente promete intimidades.
Sozinha, envolta em minha própria e profunda fé!
Só a mente repetindo a mesma mediocridade.


Entre amigos compartilhando até que findem os tempos!
Abrangente o amor em transbordados corações.
Rodeada de carinhos, sorrio aos contratempos!
Em ternura afogo todo um rio de ilusões!


Só, prossigo encafifada com minhas emoções.
Entre afagos, curto minha solidão.
Sozinha ainda sigo entre as multidões!


Sozinha, espalho ao vento estes versos cansados
Em eternos sussurros do coração.
Só a poesia acompanha meus delírios ousados!


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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Quase poesia

Me dividi em personalidades
mesmo sendo única

Me perverti em pluralidades
mesmo querendo o Um

Me permiti tonalidades
mesmo querendo a monocromia

Me perdi em superficialidades
mesmo sendo quase poesia

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domingo, 24 de maio de 2009

Histórias do passado

Perdida, zanzei pelos labirintos do passado
Sem linha, sem volta, sem um abraço
Nas paredes, as histórias, passado desenhado
Sem cores, sem pudores, sem bom traço

Histórias que eu vivi, mas nas quais não me vejo
não tem o meu eu de agora
São histórias de experiências e desejo
não foram em vão, foram a minha melhora

Entendi as mensagens desenhadas
e as segui, labirinto vivo...
me vi nos traços monocromáticos

Enfim, saí das agonias relembradas
e deparei-me, outdoor vivo...
com o espaço em branco de meu futuro lunático

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VIAGEM À MARTE

Sempre ao longe há uma esperança
Ao fim de uma longa viagem
Novas oportunidades em dança

Focando ao longe: um planeta
Sem levar pesada bagagem
Na velocidade de um cometa

Marte, o planeta vermelho
Mistérios debaixo da roupagem
Viajo no reflexo do espelho

Impossível fugir de si mesmo
Processo de sideral bobagem
Vejo imagens marcianas a esmo

Porque mesmo em esfera
Quântica e estelar paragem
Íntima particularidade me espera




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sexta-feira, 22 de maio de 2009

OFERENDA

Ofereço minha dedicação
a ti, animal do meu poder

Ofereço minha vocação
a ti, poder do meu Ser

Ofereço minha devoção
a ti, Ser do meu querer

Ofereço minha celebração
a ti, força do meu viver


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SOU ROSA

Com o milagre do florescer
Nasci, perfeita rosa
pétalas do prazer

Beleza do teu querer
Venci, súdita e rainha
anseios teus

Vigorosa, no pertencer
Cri, poema fecundo
perfume do renascer

Com a ânsia do prever
Sorri, haste e botão
enlevos meus


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quinta-feira, 21 de maio de 2009



Vontade... 

Vontade de escrever um poema de amor
mas amor de quem resplandece por inteiro
amor do enlevo que faz flutuar com o cheiro
que ficar no ar, perfumando até o sabor

Vontade de viver um amor de poema
mas poema deslumbrante de vida nova
poema testemunho do amor que se prova
que delicia no olhar, de ler sem esquema

Quero amor leve e de letras móveis
um amor desatinado de surpresa
sem fôlego para paixões solúveis

Quero amor sem razão e cobrança
o amor que põe na mesa
as incoerências desta contradança

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quarta-feira, 20 de maio de 2009


INFÂNCIA

De cabelo preso
calção e camiseta
eu vivia

De cabelo desarrumado
tênis sem meia
eu curtia

Roubava roupa
do irmão
e fugia

Apitava campainha
do vizinho
e corria

Arrancava
o vestido rendado
e sorria

Balançava
a cabeça sem penteado
e dormia

Sonhava
com príncipe encantado
e crescia

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terça-feira, 19 de maio de 2009



Canção das Ondas

Ciclo contínuo
insaciável

Cadência eterna
abençoada

Em cada onda
acalentada

Cantigas do mar
deleite

Em cada maré
um presente

Melodia-água
Incansável

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A POESIA SEM TEMA

trago as letras unidas em palavras
que unem-se em orações ou versos?

trago a inspiração dos ventos
que carregam pólens ou suspiros?

trago as luzes das idéias
que faíscam em neurônios agitados

trago aquilo mesmo que busco:
as cores inebriantes do crepúsculo!
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domingo, 17 de maio de 2009

Pediste-me uma tela.....o amada criatura....como posso então pinta-la?.sem tua presença nem doçura?....vou juntar umas folhinhas de trevo de quatro folhas,vou jogar brilho de estrela que colherei esta noite.....mandar dançar sobre elas quatro vagalumes lindos depois pingar lentamente o orvalho mais bonito......depois de feito o encanto....farei então um chazinho e tomarei na madrugada fazendo um pedidozinho...Que na outra eu venha estrela para contigo caminhar nesses céus de amor em novelos que costumamos nos aninhar....mas nessa eu quero o eterno de sempre saber ver o oculto....e sentir no âmago do peito o verso que esta obtuso.....as palavras que se calam e se dizem....os amores que se amam em silêncio.....por toda a eternidade do universo invisível.

Márcia Poesia de Sá


(Dedicado a mim, pequena poetisa Anorkinda Neide, recebido com muito amor pela doce e linda poetisa Márcia das Cores...)

sexta-feira, 15 de maio de 2009



Não sou só de poesias leves!


Minha alma também golpeia com força
O âmago de questões controversas
Um grito eloquente nas conversas
Onde minha vontade se reforça


Meus versos também tem luta
A ânsia de desejos sufocados
Rimas de corações compartilhados
Onde expresso em pedra bruta


Minha poesia nada leve
A busca de mais respostas
As angústias por mim impostas
Onde libero meu ódio breve


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Pólen da Vida

Em cores vermelhas
Amarelas, rosáceas
Flores acenam

Polinizadores insetos
Pequeninos, versáteis
Transportam

Também nós somos
Transmissores táteis
Do pólen da vida

Aqui e ali, em carinhos
entrega e doação
movimentação

Espalhamos centelhas
de vivificador
pólen do amor

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Amor consagrado

Em dádivas rosas meu amor se expande...
o amor universal da vida eternizada

Na sabedoria de compreender as cores...
tons e ritmos da Natureza sossegada

A pomba da paz nos garante ...
Preenche-nos do símbolo idolatrado

Em dias banhados de flores
o amor incondicional é consagrado!

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quarta-feira, 13 de maio de 2009


Saudades em cor de rosa

Ah...sinto saudades
daqueles dias
cor de rosa

Dias de paz e amor
daquelas horas
cor de rosa

Ah...estás nas saudades
naqueles toques
cor de rosa

Toques de amor e paz
naqueles dias
em que o ar era cor de rosa!

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terça-feira, 12 de maio de 2009

FEITIÇO VIVO

Enfeitiçada
num momento cristalino
Emergida
em mundo surreal

Não disfarço
o feitiço vivo
Não arrependo
o desejo forte

Encantada
num arrebatamento
Extasiada
em nova vida

Não devolvo
o pranto sofrido
Não denuncio
a aparente sorte

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segunda-feira, 11 de maio de 2009


OLHO AS MINHAS MÃOS

Em minhas mãos
vejo minha mãe...
genética da alma.

Com minhas mãos
a afastei
mais do que queria...

Em minhas mãos
tenho minha mãe...
nas marcas da palma.

Com minhas mãos
a acarinhei
menos do que podia...

Hoje uno minhas mãos
e rezo por minha mãe...
e isso me acalma.

Neide

sábado, 9 de maio de 2009

Estrada Poética

Temos seguido os perfumes da poética
ela é inspiração e alimento dos devaneios

Rimando e versando em pura ética
compartilhamos nossos anseios

Percorremos a estrada da poética
nela tem instigação e muitos floreios

Por vezes percebemos a dica profética
inserida nos versos, entre seus veios

Estamos unidos na corrente da poética
ela é canção de vida e desfaz nossos receios

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sexta-feira, 8 de maio de 2009



NONSENSE

Não tem sentido
retirar do fundo da terra
o motivo da lágrima
o sal, húmus do solo

Que intenso motivo
teria o humano que berra
para perverter
o nonsense da rima?

Não quero o absurdo
do choro que encerra
motivo perverso
neste teatro tolo

Que sofrida rima
sem motivo aparente
procuro trazer
sem noção nem obra-prima?

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Luz

é aquilo
que seduz

ou conduz

Luz

é sensação
que não
se traduz

se produz
e reproduz

em vertiginosa
corrente
de luz

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terça-feira, 5 de maio de 2009


Meu coração é um livro

Não sou muito de falar,
Sou um livro à espera de ser lido.

Não sou de extravasar,
Sou como um livro colorido.

Estou à disposição de quem
quiser com carinho me folhear!

Minhas palavras estão escritas
nas linhas que irão te mostrar.

A espera de serem abertas,
Degustadas e folheadas.

Meu coração ofereço a quem
quiser com cuidado me tratar

Trate-me com carinho lisura e atenção
Sou um livro aberto lido com coração!

André Fernandes e Anorkinda

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SER SUPREMO

Em cada um de nós
desenvolve-se
o ser supremo

ser divino dos céus
supera-se
em nós

vida-trilha de evolução
onde manifestam-se
partículas de Deus

Em cada um de nós
revela-se
os céus

potencialidade divina
latente
em cada um de nós

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domingo, 3 de maio de 2009

O que se leva da vida

Da vida se leva
ela própria
A vida é sempre
nossa

Na vida eu levo
a mim
A vida é sempre
minha

Da vida nada se leva
porque dela
Não se escapa

Na vida eu levo
os amigos
grudadinhos no coração!

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Minha inspiração

Em sonhos-símbolos, durmo
Em lençóis de luz, flutuo
Acordo sem querer
Continuo em devaneio

Em palavras doces, fluo
Em letras-cores, disfarço
A inspiração perseguidora
Que me prende em versos

Duros ou delicados, mas sempre transtornados!

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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Outono da vida


Era um verão simples e lúdico
onde eu vivia como toda criança...
Satisfeita com minhas bonecas,
meus brinquedos preferidos,
estudos prediletos, amigos
e festejos.


De repente ventou e forte!
Um outono mostrou-se
derradeiro pondo fim às ilusões...
Eu, criança mal pude ver
na claridade deste tempo
de revelações.


Caíam de mim, folhas amarelecidas...
Aquelas crenças antigas
caducaram nesta estação da vida.
Fiquei confusa, com medo do vento,
sem saber quem eu era.


Assim, sofrida vi escurecer...
O inverno chegara.
Numa caverna fria e gelada,
me vi abandonada de mim mesma
e chorei.


O tempo parece crescer na solidão...
Os dias e horas foram enormes.
Sem perceber, ali naquela condição,
eu realmente me vi...
verdadeira.


Nada havia a refletir-me, a confundir-me...
Eu era eu e nenhuma influência me atingiu.
Foi gelado, foi duro dormir na rocha.
Me feri no frio cortante desta navalha
de inverno.


Num piscar repentino vi uma cor!
Era uma pequenina flor brotando
no meu coração... Única luz a aquecer
aquele gelado ambiente, minha caverna
interior.


Era a primavera de meus olhos...
De minha vida, rompida no rio
das lágrimas quentes que percebi
reavivarem aquele inverno triste.
Sorri para mim.


E a cada sorriso mais flores despontavam
jorrando de meu coração, iluminando
tudo ao redor, consegui assim
ver a saída.


Flutuando pelo rio, agora de pétalas,
embrenhei-me rumo à vida-luz
que vislumbrava à frente...
vida dourada.


Pleno sol quente de novamente verão
senti no rosto, na pele, nas entranhas...
Eu já não era a mesma criança
do primeiro verão.


Agora eu era a nova criança,
lapidada na fria caverna do inverno,
florescida nas cores da primavera,
abençoadamente


arrebatada pelo mais belo outono que a vida poderia me ofertar!


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Desenhando em água

A luz luta para penetrar a neblina
enquanto gotas de chuva desenham na água
concêntricos e líquidos mistérios

Procuro desvendar nossos segredos
nossos sonhos derretidos
no fluido espairecer do anoitecer

Entre a distância de tuas promessas
e a solidão do meu ser
encontrei amor nos ecos de nosso viver

Márcia de Sá, Sírius A e Anorkinda

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