domingo, 26 de julho de 2009

Lembrança fria

Caminhadas matinais eu fazia ao ir para o colégio.
Saudade do cobertor, do travesseiro, meu parceiro.
Ranzinza, eu andava de cabeça baixa conversando com as árvores do percurso.
Elas estavam transpirando o orvalho sagrado e me ouviam pacientes e sapientes.

Eu lhes perguntava do dia-a-dia, quem por ali havia passado...muito carro? muitos gritos?
Quem percorria aqueles caminhos quando o dia acordava?
Porque eu ali passava às horas mortas, portões cadeados, carros esquentando motores nas garagens, nuvens de vapor saíam de minha boca quente e mau-humorada.

Queria esquecer que minha cama ficara pra trás e o frio do sul me castigava o nariz vermelho e gelado.
Árvores floridas de cor-de-rosa me sorriam, eu lhes devolvia um sorriso gozado. Nem cão latia àquelas horas e o cheiro do frio me segue ainda agora.
Um cheiro úmido de névoa e promessa de sol.

Eu sentia que as coisas simples e silenciosas do mundo, como as pequeninas árvores floridas eram os únicos deuses que existiam e acompanhavam meu caminho pra que eu não chorasse a frustração de um dia.


........

Nenhum comentário: