sexta-feira, 1 de maio de 2009

Outono da vida


Era um verão simples e lúdico
onde eu vivia como toda criança...
Satisfeita com minhas bonecas,
meus brinquedos preferidos,
estudos prediletos, amigos
e festejos.


De repente ventou e forte!
Um outono mostrou-se
derradeiro pondo fim às ilusões...
Eu, criança mal pude ver
na claridade deste tempo
de revelações.


Caíam de mim, folhas amarelecidas...
Aquelas crenças antigas
caducaram nesta estação da vida.
Fiquei confusa, com medo do vento,
sem saber quem eu era.


Assim, sofrida vi escurecer...
O inverno chegara.
Numa caverna fria e gelada,
me vi abandonada de mim mesma
e chorei.


O tempo parece crescer na solidão...
Os dias e horas foram enormes.
Sem perceber, ali naquela condição,
eu realmente me vi...
verdadeira.


Nada havia a refletir-me, a confundir-me...
Eu era eu e nenhuma influência me atingiu.
Foi gelado, foi duro dormir na rocha.
Me feri no frio cortante desta navalha
de inverno.


Num piscar repentino vi uma cor!
Era uma pequenina flor brotando
no meu coração... Única luz a aquecer
aquele gelado ambiente, minha caverna
interior.


Era a primavera de meus olhos...
De minha vida, rompida no rio
das lágrimas quentes que percebi
reavivarem aquele inverno triste.
Sorri para mim.


E a cada sorriso mais flores despontavam
jorrando de meu coração, iluminando
tudo ao redor, consegui assim
ver a saída.


Flutuando pelo rio, agora de pétalas,
embrenhei-me rumo à vida-luz
que vislumbrava à frente...
vida dourada.


Pleno sol quente de novamente verão
senti no rosto, na pele, nas entranhas...
Eu já não era a mesma criança
do primeiro verão.


Agora eu era a nova criança,
lapidada na fria caverna do inverno,
florescida nas cores da primavera,
abençoadamente


arrebatada pelo mais belo outono que a vida poderia me ofertar!


............

Um comentário:

Decimar Biagini disse...

Sinto as folhas secas caindo quando leio este lindo relato.

Abraço